08 outubro 2014

JOGADOR É CONVOCADO PELA ESPANHA E PAI SONHA QUE ELE VOLTE AO FLA:

Rodrigo Moreno nasceu no Rio de Janeiro, defendeu quando garoto a camisa do Flamengo, seu time de coração, só que será mais um brasileiro a defender a seleção espanhola. 

O atacante foi convocado pela primeira vez para a equipe principal da Roja na semana passada e estará ao lado do sergipano Diego Costa nos duelos contra Eslováquia e Luxemburgo, pelas eliminatórias da Eurocopa. Se for a campo em uma das duas partidas, o jogador do Valencia não poderá mais defender o Brasil, uma vez que já terá disputado jogos oficiais, mas essa não é uma decisão de hoje, como disse o pai do atleta, o ex-lateral-esquerdo do Flamengo Adalberto Machado.

– A questão de ele (Rodrigo) jogar pela seleção espanhola foi mais circunstancial do que opcional. Ele já estava morando aqui desde os 12 anos. Como jogava aqui, as pessoas o conheciam. No Brasil, não conheciam ele e nem o Thiago (Alcántara, filho de Mazinho). 

Foi natural. Obviamente, aqui na Espanha, eles encaram a seleção como um time. Prestam atenção nos jogadores desde o time de base. Então, o Del Bosque (treinador da seleção espanhola) já estava o observando há muito tempo – disse Adalberto, em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com.

Se a estreia pela equipe principal da Espanha será apenas agora, Rodrigo, de 23 anos, já tem uma longa trajetória dentro da Roja. Afinal, ele defendeu as equipes de base, disputou os Jogos de Londres pela seleção olímpica espanhola, foi ao Mundial sub-20 em 2011 e conquistou a Eurocopa sub-21 no ano passado. 

A ligação com a terra natal foi interrompida em 2003, quando se mudou com a família para a Europa, mas ainda assim houve uma tentativa de aproximação com o Brasil. Segundo Adalberto, tanto ele quanto Mazinho procuraram a CBF em 2009 para saber de uma possível convocação para a Seleção.

– Eu e o Mazinho conversamos com a CBF sobre a possibilidade de ele e o Thiago jogarem pelo Brasil em 2009, mas até então eles não tinham uma política de convocar jogadores de fora, que jogavam no exterior. 

Naquela época, eles ainda não haviam sido convocados pela Espanha. O Thiago foi primeiro, quando já estava no Barcelona, e depois foi o Rodrigo – explicou Adalberto, que mora hoje no Rio, mas está na Espanha para matricular a filha Mariana em um curso de marketing esportivo.

Rodrigo Moreno e Thiago Alcántara têm trajetórias parecidas. Os dois saíram jovens do Brasil por compromissos profissionais dos pais, ambos ex-jogadores, e, após passarem pela base do Flamengo há pouco mais de 10 anos, defenderam gigantes do país antes de chegarem à base da Espanha (Rodrigo no Real e Thiago no Barça).

Apesar de o meia do Bayern não ter sido convocado para os jogos das eliminatórias, por estar voltando de lesão, o atacante do Valencia poderá formar dupla de ataque com outro brasileiro nos duelos contra Eslováquia e Luxemburgo: Diego Costa. Para Adalberto, a trajetória da dupla é diferente.

– Eu acho que não tem relação com o caso do Diego, que joga desde o início da carreira na Espanha e está há muito tempo na Europa. A questão é que ele foi convocado para a seleção principal do Brasil, depois ficou fora, e, na Espanha, devem ter dado uma garantia que ele estaria no Mundial. Os espanhóis foram mais rápidos. É uma dedução apenas, não posso afirmar que aconteceu assim. Foi uma situação de escolha. É diferente dos casos do Thiago e do Rodrigo. Eles fazem parte da história da seleção espanhola – completou Adalberto, que foi levado à Espanha por Mazinho para trabalhar em Vigo.

Após se mudar com o pai para a Espanha em 2003, Rodrigo começou a jogar no Celta de Vigo em 2005. Ficou lá por quatro anos até chegar ao juvenil do Real Madrid, de onde subiu rapidamente para o Castilla, a segunda equipe dos merengues. Foi o suficiente para chegar à seleção espanhola e depois se transferir para o Benfica. 

A mudança para o Valencia foi recente, apenas neste ano, após ele ser negociado com um grupo de investidores ligados ao clube espanhol. Um possível retorno ao Flamengo, onde jogou até os 12 anos, é difícil, mas não impossível, sobretudo pensando mais a longo prazo.

– Ele jogou em 2002 no Flamengo. Foi federado e tudo. Eu acho que não há razão para descartar esta possibilidade (de voltar à Gávea). O futebol dá voltas. Acho que seria um orgulho vê-lo jogar pelo Flamengo. Mas no futuro a curto e médio prazo não vejo essa possibilidade. 

Eles (Rodrigo e Thiago) estão em um processo de ascendência, os jogadores voltam ao Brasil em outro estágio, só depois que conquistaram algo na Europa. Ele está apenas agora começando a ganhar a Europa. Mas no futuro seria uma honra. Até porque eles começaram no Flamengo – disse, citando também o filho de Mazinho, hoje no Bayern, também com origem rubro-negra.

Já concentrado com os demais companheiros de Espanha, Rodrigo poderá fazer sua estreia pela seleção principal da Roja nesta quinta-feira. A campeã mundial de 2010 visita a Eslováquia às 15h45 (de Brasília, em jogo que o GloboEsporte.com vai acompanhar em Tempo Real) e, três dias depois, vai a Luxemburgo encarar a seleção da casa, também pelas eliminatórias.

Confira abaixo outros trechos da entrevista:

GloboEsporte.com: Transferência do Benfica para o Valencia  

– Ele foi vendido na temporada 2013/14 para um fundo de investimentos do empresário que está perto de comprar o Valencia. Está emprestado e, quando o fundo comprar o clube, ele se transfere em definitivo do Benfica para o Valencia. Só não é um fato porque o empresário ainda não comprou o Valencia.

Processo da naturalização espanhola

– O Rodrigo ganhou a nacionalidade através de mim. Como trabalhei aqui, pela lei, pedi a dupla nacionalidade e estendi para a minha família. O processo começou em 2007 e terminou em 2009. Ele ganhou o passaporte em junho de 2009 e um mês depois estava na seleção. Os caras estavam o seguindo. Na primeira convocação que teve, ele foi convocado.

A naturalização e a seleção brasileira  

– A CBF tinha uma política de valorizar atletas daqui, o que acho justo. Falei com o Rodrigo Paiva (ex-diretor de comunicação da CBF) e avisei que o Brasil, com o mundo globalizado, perderia muitos jogadores. É um movimento que o Brasil está atento. Se o Brasil não acompanhar este movimento mundial de mudança, vamos perder outros jogadores com certeza. É um processo que tem que ser revisto. Vi a última convocação, e metade da seleção sub-21 está jogando fora. É aquele negócio: tudo na vida tem vantagens e desvantagens. Tem vários jogadores que jogam fora do país e estão nessas seleções de base. É um movimento inevitável.

Rodrigo e Thiago farão falta ao Brasil?  

– Eu tenho certeza que vão fazer falta. Aliás, certeza é presunção, mas acho que vão fazer falta. Acho também que o Brasil é um celeiro de bons jogadores e continuará revelando jogadores de alto nível. Uma coisa é ter jogadores de alto nível, outra é fortalecer adversários. O Brasil pode encontrar outros atacantes, e isso vai acontecer certamente, só que o Brasil pode fortalecer outros adversários. Se o cara for brasileiro e jogar por outro país, isso vai prejudicar a Seleção.

Gostaria que o Rodrigo estivesse na seleção brasileira?  

– Eu gostaria que ele jogasse pelo Brasil se convidassem ele. Não posso dar uma de pai chato e pedir para o convidarem. As pessoas têm que pensar nisso. Eu fiz uma vez, o Mazinho fez outra. Não sou eu que tenho que ter essa iniciativa. Não podia ficar ligando e pedindo para o convocarem.

Planejamento rumo à Rússia em 2018  

– O trabalho tem que continuar, no sentido de ele continuar progredindo e subindo no Valencia. O trabalho ainda não está terminado. Está no começo. Profissional ele já é e as pessoas não o veem como promessa. Agora ele tem que se consolidar na seleção espanhola. Ele veio do Benfica para a Espanha porque é um mercado que nos interessava. Entendíamos que jogar na Espanha seria uma oportunidade para aparecer mais. Antes, em Portugal, não era a mesma coisa. 

Agora o trouxemos para ele jogar na Eurocopa de 2016 e sabemos que inicia o ciclo para a Copa de 2018. Outros atacantes estão no fim de um ciclo, como o Villa e o Torres. São jogadores com 30, 32 anos. Agora vai ter uma renovação e queremos aproveitar esse momento. Fonte: GE

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