12 outubro 2014

“O Fla não sai do meu sangue”, diz Adryan

A estreia profissional aconteceu aos 16 anos. De lá pra cá, quatro aniversários se passaram sem que Adryan conseguisse se desvencilhar do rótulo de promessa. O peso de surgir como uma das joias da base do Flamengo provou-se insustentável para o garoto que sobrava nas categorias inferiores. 

Nunca se firmou entre os titulares do Rubro-Negro. Emprestado ao Cagliari, da Itália, no começo do ano, também não conseguiu emplacar uma sequência de jogos. Desta vez, por causa de uma lesão no joelho direito. Dizer que as frustrações ficaram no passado seria um clichê, o mais cômodo. O meia, porém, toma outro caminho.

Repassado, também por empréstimo, ao Leeds United, clube da segunda divisão inglesa, Adryan recebeu a reportagem do GloboEsporte.com no hotel onde está morando provisoriamente na cidade ao norte da Inglaterra. Falou sobre as decepções vividas em sua curta carreira com a mesma facilidade que mostrou ter para aprender novos idiomas. 

Antes da entrevista, transitou entre o inglês e o italiano para dar atenção a funcionários do hotel, torcedores e um companheiro de time, italiano. Durante a entrevista, demonstrou uma autoconfiança inabalada.

– Hoje, eu sou um jogador pronto. Consigo distinguir bem a hora de fazer as jogadas mais simples ou as mais difíceis. Minha falta de continuidade no Flamengo, por questões próprias, pelos altos e baixos, e a minha falta de sequência no Cagliari, por lesão, fazem com que eu sempre fortaleça meu corpo antes dos treinos. Sempre faço academia e procuro não me afobar nos jogos – afirmou.

Adryan ainda não estreou oficialmente pelo Leeds United, tricampeão inglês (1969, 1974 e 1992). Mas, o brasileiro ficou bem impressionado com a estrutura do clube, aprovou o estilo de vida na cidade e já fala em ficar mais tempo do que o estipulado no contrato de empréstimo, ou seja, maio de 2015. 

O Leeds terá a opção de compra ao fim do vínculo por aproximadamente R$ 10 milhões. Para convencer os dirigentes de que o investimento vale à pena, ele se espelha em dois compatriotas que têm feito sucesso no futebol inglês: Philippe Coutinho, do Liverpool, e Oscar, do Chelsea.

– Conheci o Coutinho quando eu jogava no Flamengo e ele, no Vasco. Sempre o admirei e busquei ver seus jogos. Uma vez por semana, eu botava o nome dele no YouTube pra ver se tinha vídeo novo, porque era realmente impressionante como ele jogava. 

O Oscar, tive a oportunidade de conhecer numa convocação da seleção na Espanha. Ele era sub-20 e eu sub-16. São jogadores realmente impressionantes e que eu procuro acompanhar, porque atuam na Inglaterra e os admiro muito – revelou.

É natural que Adryan tenha Coutinho e Oscar como referências. Afinal, os dois estão justamente onde o ex-flamenguista quer chegar num futuro breve: Premier League e Seleção. 

Nome frequente nas convocações das equipes de base do Brasil, Adryan sonha em disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Para isso, ajudar o Leeds United a voltar à elite inglesa, o que não acontece desde 2004, parece a melhor estratégia. O clube ocupa atualmente a modesta 14a posição da tabela.

– Não posso ficar pensando muito no futuro, senão acabo deixando de fazer o presente. Isso foi uma das coisas que eu pequei no passado. Tenho certeza de que se eu jogar bem no Leeds e tiver sequência, o futuro terá coisa boa guardada – projetou.

Se pudesse escolher quais as boas surpresas o futuro lhe reserva, gols no Maracanã certamente apareceriam na lista de desejos de Adryan. Gols, para um Maracanã rubro-negro. O meia diz manter contato frequente com ex-companheiros e funcionários do clube que o revelou para o futebol.

– Não tem como não pensar no Flamengo. Tenho um carinho muito grande. Não
tem como pensar em jogar em outro lugar no Brasil. Agora, estou fazendo minha história aqui, mas pertenço ao Flamengo e vamos ver o que acontece no futuro. Mas, com certeza, o Flamengo não sai do meu sangue, não! – exclamou.

Na Europa, apesar do 17

No campo das superstições, o futebol é um mundo à parte. Difícil achar um
lugar onde haja tanto espaço para crenças no inexplicável. Mas, até para o meio, Massimo Cellino, proprietário do Leeds United, surpreende. Entre outras excentricidades, o empresário italiano tem absoluta aversão ao número 17. O número gera tamanho desgosto no europeu, que a relação de Zagallo com o 13 parece quase amistosa.

Cellino é o responsável por trazer Adryan ao futebol do Velho Continente. Ele era o dono do Cagliari, clube que vendeu para depois comprar o Leeds. Tanto na Itália, quanto na Inglaterra, adotou uma medida para espantar qualquer possibilidade de má sorte: rebatizou os assentos dos estádios como ‘16B’. No Leeds, foi além e demitiu o goleiro reserva por ‘’justa causa”: ter nascido no único dia em que não poderia ter acontecido.

A admiração de Massimo Cellino por Adryan é tão grande, que conseguiu superar até a numerologia.

– Ele foi ao Brasil procurar um goleiro e eu estava jogando com a camisa 17. Mesmo assim, ele me levou para o Cagliari. Depois, ele comprou o Leeds e me trouxe pra cá. Quando eu falo para os companheiros italianos que jogava com a 17, eles não acreditam. É uma coisa muito louca. Absurdo, não tem como entender. Então, está claro que ele confia em mim e não posso decepcioná-lo – relatou, aos risos, o brasileiro.

Esse tipo de coisa convém realmente não contrariar. Adryan está feliz com o número 9 às costas de sua camisa do Leeds United. Fonte: GE

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